quinta-feira, 22 de setembro de 2011

22/08 ~ 22/09

"A vida inteira de um inseto
Um embrião pra virar feto
A folha do calendário
O trabalho pra ganhar um salário"
Hoje faz um mês que sai de casa, e todas as sensações que eu senti naquele dia ainda estão em mim.
Lembro de ter olhado pra cada detalhe no meu quarto para tentar me despedir dele dentro de mim, e senti algo que não consigo explicar quando fechei a porta..
Fui passando por cada cômodo da casa e olhando ao redor, tentando gravar aquela ultima imagem e tentando também entender que só estaria naquele lugar de novo dali um ano..
Antes de entrar no carro sentei no chão e abracei meu cachorro como se nunca mais fosse vê-lo (digo pela intensidade, não pelo pessimismo..) e logo minhas primeiras lágrimas do dia, junto com a minha 'ficha' começaram a cair...
Eu não sei explicar o que senti, mas posso dizer que foi algo que nunca havia sentido antes.. Eu tentava entender que estava me despedindo da minha vida, porque sei que nada vai ser igual quando eu voltar, nem as coisas materiais, nem as pessoas e nem eu.. Lembro que cheguei a conclusão que um intercâmbio era como uma separação, porque você abre mão da sua vida pra recomeçar, e sem saber o que te espera..
Lembro também que tudo que eu queria era ir abraçada com a minha família desde Guaíra até chegar no aeroporto, para poder ficar o mais perto possível nas ultimas horas que eu tinha e não me arrepender depois quando sentisse saudade porque podia ter feito diferente, mas por não querer passar aquela agonia pra elas fingi que a minha ficha ainda não tinha caído ou que a Natalí forte ainda estava ali presente.. enfim, deixei para elas chegarem sozinhas a alguma conclusão do que passava na minha cabeça enquanto eu parecia no meu normal..
Enfim, almoçamos e até para o prato eu olhava diferente e repetia pra mim algo como: Tchau.. Nada naquela manha me passava despercebido..
E então já era hora de embarcar.. hora de me despedir de novo, mas dessa vez não era de um prato, era a minha família... e sobre isso, acho que não preciso falar muito para que imaginem como foi...
A única coisa que martelava na minha mente era: UM ANO, UM ANO, UM ANO!
Mas posso dizer que foi até um pouco mais fácil do que eu imaginei que seria..
Quando sentei na sala, antes de embarcar, chorava feito criança e assim foi por alguns minutos, até que me dei uma bronca e limpei o meu rosto..
Acho que a pior de todas as sensações que tinha sentido foi nessa hora :



Olhar para cima e ver minha família pelo vidro me deu um aperto.. e então eu olhei para a céu e lembrei que minha bisavó dizia que quando chovia em alguma data importante era Deus que estava abençoando..
A partir do momento que entrei no avião não deixei mais nenhuma lágrima escorrer, e substitui o pensamento que me martelava de: UM ANO! para: O MELHOR ANO!
E o que eu passei dai pra frente já está todo aqui..
E hoje faz um mês que eu não ganho um abraço, que não tenho a chance de poder apertar um cachorro ou de ganhar uma lambida surpresa, que não tomo uma gota de álcool, que não como um lanche ou uma borda de cheddar, que não consigo conversar com alguém sem mímicas, que não faço minhas coisas favoritas.. e bla bla bla
Mas ao mesmo tempo o mês que fiz coisas que vou levar pro resto da minha vida..
Um mês que se arrastou perto de tudo que ainda vou viver e um mês que passou voando se for pensar que SÓ tenho mais 10 como esse, porque é muito pouco para tudo que ainda quero aprender..
Eu me senti deslocada quando cheguei.. Algumas pessoas nasceram para adorar Naruto, mas eu nunca fui uma delas.. Sempre achei que o Japão era um exemplo pra qualquer país, além de ter uma cultura incrível, mas nunca nasci com o sonho de visitá-lo.. Só pensei no meu futuro e parei aqui..
Mas hoje já acho que se voltasse para o Brasil agora, estranharia até o arroz com sal..
Aqui, algumas caracteristicas minhas mudaram da água pro vinho, outras do vinho pra água, outras surgiram e outras só se acentuaram mais..
Aqui surgiu uma Natalí com outros pontos fracos e fortes.. e principalmente uma Natalí confusa..
No primeiro post eu dizia que toda a dificuldade sempre me atraiu, o que agora já não é tanta realidade.. Eu nunca tive medo de nada que ia enfrentar, mas agora tudo que eu tenho é medo...
Medo do que me espera no dia seguinte, medo porque sei que a fase de adaptação ainda não passou, terei 4 famílias e como será com todas elas?  e são coisas como essas que criaram a Natalí frágil também..

Mas apesar de tudo, se eu pudesse escolher outra vida, eu não trocaria essa por nada! Ou talvez sim..
Mas deixa isso pra lá..

8 comentários:

  1. Não tem como ler e nao dar uma choradinha!

    ResponderExcluir
  2. intercambio não é fácil mesmo, só quem vive sabe como é. parece que todos os sentimentos e todas as emoções se multiplicam por mil, e coisas que eram pra ser pequenas se tornam enormes, as vezes um probleminha de nada parece ser o fim do mundo e que nunca vai ter solução.. a gente se descobre mais forte do que imaginava pra algumas coisas, porém muito mais sensível e vulnerável do que pensávamos que fossemos pra muitas outras..
    mas apesar de todas as dificuldades que possam surgir, o q vc tem que fazer é segurar firme, sempre tentar dar o seu melhor, e quando isso tudo acabar e vc voltar pra casa, tudo oq fica são as lembranças boas, a saudade, e o sentimento de tudo que valeu a pena..
    passar por dificuldades e por todas as novas experiencias te torna mais forte, independente e madura..
    não se preocupe demais com nada, pq no final fica tudo bem :)
    te amoooo e te desejo toda sorte do mundo sempre <3
    e como vc ja sabe, to com saudades!

    ResponderExcluir
  3. Que filosofa Natali... e que lindo. ;*

    ResponderExcluir
  4. Oi minha flor, voltei, ontem eu li seu post, apenas me faltou forças pra escrever.... estou muito cansada, e esta é só a primeira semana de volta ao trabalho.
    Bem, preciso te dar os parabéns, vc está escrevendo cada vez melhor e nos transporta aos locais e acontecimentos. Sua mãe está certa, consigo sentir sua emoção. Olha só minha flor, com certeza esta experi~encia será um marco na sua vida. Por outro lado, sua vida está apenas começando, portanto, nada é definitivo, existe apenas uma coisa que não tem volta , o resto a gente dá um jeito.
    Não vai ser fácil se adptar em outras casa tudo denovo, e serão quatro vezes, mas acho que aí reside o X da questão, vc tem um ano e aí tudo deve ser aproveitado ao máximo. O que seria de seu intercâmbio se vc ficasse só com a Kaori? Quem sabe vc não consegue uma outra "irmã" mais simpática? Ou mais gavetas....rsrsrsrsrsrs
    Beijão, cuide-se, se é que posso, gostaria de dizer que sinto orgulho de vc.
    beijão, cuide-se

    ResponderExcluir
  5. O sua chata vc nem disse q ta com saudades dos vizinhos mais queridos do mundo..rss.
    Concordo com a Mari pois mexe muito com a gnt ler td isso..
    BJS GATONA.

    ResponderExcluir
  6. Nossa, deve ser muuuito intenso viver isso... To acompanhando todos os posts, adorando tudo que é novo, mas nunca tinha parado pra pensar como seria a hora de partir ;/ Mas eu tenho certeza que você vai se dar muito bem ai, torço muitãoo mesmoo! beeijo

    ResponderExcluir
  7. Era isso que eu queria dizer quando te pedia uma crônica na escola... kkk (texto lindo manina)

    Que bom saber sobre sua estada!! Que corra tudo bem... to rezando por vc... saudades :)

    Que Deus abençoe!
    Vou passar sempre por aqui pra saber como vc está!
    Bjos

    ResponderExcluir
  8. Sem comentários pra esse post.. não sei nem o que dizer!

    ResponderExcluir